Princípios que identificam
o nosso Programa
de Gestão

Vivemos momentos de grandes desafios: as mudanças climáticas, expressão da crise ambiental global; as desigualdades sociais; as crises sanitárias; o desafio da manutenção e do fortalecimento da democracia.

Mas nós, aqui do Cerrado, sabemos que a adversidade também releva do que realmente somos feitos, e a solidariedade foi o grande alicerce no enfrentamento da pandemia e de eventos climáticos extremos; as ações coletivas para a promoção de relacionamentos mais harmônicos entre sociedade e natureza.

Na Universidade de Brasília, teremos uma nova eleição para a Reitoria. O desafio é o da renovação: a alternância de poder, princípio fundamental dos ambientes democráticos, refletindo a pluralidade de ideias e possibilita a retomada do diálogo e da participação da comunidade como caminhos novos engajamentos políticos e para a superação dos desafios contemporâneos.

A complexidade do mundo acadêmico exige dos futuros gestores experiência pedagógica, científica e administrativa, bem como o compromisso com uma gestão transparente e participativa, na construção desse novo momento histórico da nossa instituição. Apresentamos neste documento os princípios que identificam o nosso Programa de Gestão, elaborado por um coletivo de pessoas dos três segmentos da Universidade de Brasília, vinculadas aos quatro campi. Defendemos uma universidade democrática, que se sustente em valores e ações que expressem os processos democráticos como meio e a transformação social como fim.

Uma universidade inovadora e orientada para a superação dos problemas socioambientais, na perspectiva da construção de um futuro mais digno, inclusivo e sustentável. Uma universidade cujos ambientes acadêmicos e administrativos sejam humanizados, saudáveis e livres de assédio, em que a equidade prevaleça, a diversidade e as epistemologias plurais sejam respeitadas e a competência técnica seja valorizada. Uma universidade vibrante, relevante e necessária para o seu território, para o país e o mundo.

Promoção de uma autêntica democracia ativa, participativa e humanizada
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Concebemos a universidade como o espaço dialógico de múltiplos saberes, perspectivas de mundo e de ciências, em que o exercício democrático promove ação e engajamento político, seja por meio da formação acadêmica qualificada e humanizada, seja pela produção de ciência, conhecimento e inovação (social, tecnológica, pedagógica e artístico-cultural). Acreditamos na gestão universitária como resultado de um trabalho coletivo, de serviço à sociedade, que não se restringe àquelas(es) que ocupam cargos ou representações. É urgente promover mudanças nas práticas e interações sociais entre estudantes, docentes e técnicas(os), com foco em uma escuta ativa e responsável, por meio da implementação de instrumentos de gestão participativa e transparente, que aproximem o acadêmico do administrativo.

Excelência acadêmica
como resultado da qualidade da produção de ciência, conhecimento e tecnologias face os desafios contemporâneos.
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A excelência acadêmica deve ser alcançada por meio de um exercício colaborativo, transversal e transdisciplinar, que contribua efetivamente com soluções para os complexos desafios contemporâneos. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa, extensão e inovação, a autonomia didático-científica, a liberdade de cátedra e o protagonismo estudantil são imprescindíveis para esse fim.
É essencial enfrentar, em diálogo permanente com a sociedade e os governos local e federal, o problema da baixa demanda pelos cursos superiores e das suas altas taxas de evasão – uma questão de sobrevivência das universidades públicas, diretamente relacionada às políticas de ingresso, permanência, mobilidade e convivência dos estudantes. É necessário consolidar a pesquisa e a pós-graduação nos campi, fortalecer os programas 3 e 4 e ampliar o apoio aos programas 5, 6 e 7, por meio da intensificação do diálogo com as agências de fomento e a FAPDF.
A política de inovação deve primar pela participação ativa de docentes e técnicas(os) na proposição e execução de projetos, bem como pela expansão do Parque Científico e Tecnológico, em interação com as nossas atividades fim. Alcançar nossa melhor versão como Universidade passa, ainda, pela integração de tecnologias como ferramentas de apoio, aliadas à aprendizagem, pelo uso e desenvolvimento da inteligência artificial mediante um código de conduta democraticamente construído pela coletividade.

Excelência na gestão e nas estruturas de suporte com
foco na qualidade e transparência dos processos, na desburocratização das práticas e na colaboração
entre setores.
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Nossa concepção de gestão efetiva se sustenta no princípio constitucional da autonomia administrativa, valorizando o debate qualificado das políticas pelos órgãos colegiados e a interação genuína entre as áreas meio e as atividades fim.
Priorizamos o planejamento orçamentário participativo, a simplificação, celeridade e transparência na tramitação dos processos, a descentralização e desburocratização das práticas de gestão (inclusive as voltadas para os campi). A gestão administrativa e financeira de recursos captados externamente exige sinergia com as fundações de apoio, em particular a Finatec. A melhoria da infraestrutura (construção e manutenção de laboratórios, adequação e climatização dos espaços de aula e trabalho, estabilidade da rede elétrica, modernização de rede de internet e ferramentas de conectividade, plano de contingência contra inundações) envolve medidas urgentes. A gestão patrimonial e as políticas de moradia (funcional e estudantil) devem passar por um debate amplo, sem imposições administrativas ou interesses externos: gerir de forma mais democrática e eficiente o patrimônio imobiliário da UnB está em nosso horizonte.

Compromisso ético com a valorização das pessoas na nossa universidade
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Priorizamos a ética sensível do cuidado, a amorosidade como ato político, o trabalho digno e colaborativo, a inteligência criadora da coletividade. Nossa política de gestão de pessoas está centrada na valorização das(os) técnicas(os) e docentes no exercício das suas funções, no protagonismo das(os) estudantes no processo de aprendizagem e no reconhecimento das(os) terceirizadas(os) e permissionárias(os) como partícipes da nossa comunidade educativa. É urgente estabelecer uma política consistente de acolhimento e acompanhamento da vida estudantil. Valorização de saberes e competências para a nomeação de gestoras(es), progressão automatizada na carreira, incentivo à capacitação e ao aperfeiçoamento, participação remunerada de técnicas(os) em projetos, distribuição equitativa da força de trabalho e das funções gratificadas e melhoria das condições de estudo e trabalho são prioridades.

Equidade como postulado básico de universidade inclusiva, pluriversal e intercultural
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As políticas afirmativas tornaram a Universidade de Brasília um espaço diverso, plural e inclusivo, que deve primar pelo calor das relações humanas, em um ambiente saudável e livre de assédios, no qual arte, esporte e cultura sejam elementos de agregação e compartilhamento de saberes e vivências. Nosso compromisso com a promoção da equidade entre as pessoas tem como pressuposto a implementação de práticas de educação e de gestão antirracistas, antisexistas e anticapacitistas, a ampliação e consolidação das políticas afirmativas e a melhoria constante das condições de permanência e de convivência, considerando as camadas interseccionais de raça, classe e gênero.

Justiça socioambiental como fundamento do nosso projeto de universidade
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Nosso projeto de universidade tem como fundamento o compromisso com a justiça socioambiental. Entendemos que a Universidade de Brasília pode e deve ter um papel mais consequente e propositivo frente a temas urgentes como a emergência climática, a transição energética e o enfrentamento das diferentes formas de discriminação, exclusão e desigualdades sociais, raciais e de gênero.
Queremos trazer nosso bioma Cerrado como protagonista nas discussões. Nossos saberes, experiências de pesquisas nas áreas humanas, sociais, tecnológicas e da saúde devem contribuir para a proposição de soluções criativas e de vanguarda para a sociedade, contribuindo para a construção de um mundo sustentável, solidário, diverso e pacífico.